quinta-feira, 20 de maio de 2010

...E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos. Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras ...Ser eu. (Alberto Caeiro)




Como posso ter deixado que me pintassem os sentidos, como posso ter deixado que tal influência colorisse meus princípios.

Entendo a indignação de Alberto Caeiro a respeito de algo que se calou depois de colocar para fora tais versos talvez.

É difícil falar de ética, quando no topo da pirâmide na qual entramos a palavra “Ética” não é conhecida, ou se foi conhecida um dia, hoje está encoberta. Mais difícil que falar sobre ela, é a ter e saber que a cobriram.

Às vezes paro e penso, pergunto-me em que ponto da trajetória veio com uma aquarela e me pintou um sentido pela primeira vez. Ah se soubesse que ponto foi esse, onde abri tal brecha para passarem a primeira pincelada.
Desde então foram cobrindo aos poucos, um a um.

Por um momento pensei que aquela era eu, com os sentidos contrários aquilo que acredito e com os valores invertidos, achei mesmo ser eu Thalita.
Embora tudo evidenciasse que as atitudes estavam corretas, em acordo com a “ética” que me fora imposta, através dos pincéis que pintam inversões. Não, não era eu. Não sou apenas isso. Fora a moldura quem me fez pequena.

Acordei de um sonho e um pouco da tinta estava raspada, a cor que vi em mim por baixo daquela pintura amadora, era alva.

Comecei a observar-me. Pude notar que a cada atitude, a cada decisão, eu estava fazendo questão de expor aquelas cores, aquela pintura que cobriu os meus mais nobres sentidos, que sufocou o meu tão peculiar “eu”, machucando, ferindo não só a outros, mas a mim mesma, machucando a minha integridade, ferindo minha decência, por terem me pintado os sentidos. Com um conceito de “ética”, estapafúrdio, esdrúxulo sem consistência e com ações inversas ao sentido da palavra.

Mas ao acordar do sonho e perceber a cor branca, notei que podia me desencaixotar, sair da caixa onde puseram-me "Tela", desembrulhar-me de tantas coberturas, tirando as películas uma a uma. Até que tirei-me a última e pude ser eu Thalita Profissional e Ética. Mesmo me custando sair do hall da Mostra das obras de quem me pintou.

Obrigada Senhor por me mostrar o caminho do bem, mesmo quando me deixo influênciar e fecho meus ouvidos pra ti. Obrigada por me amar ainda assim.

Um comentário:

  1. Filosoficamente falando uma forma informal para criticar-se a influência que sofremos as vezes mais por imposição que por querer, a onda nos leva e quando nos damos por nós mesmos já se está em alto mar.

    Se não fora Deus em nossas vidas o que seria de nós?

    Que Deus continue te abençoando muito, minha filosofa favorita.
    =p

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